terça-feira, 5 de agosto de 2008

MISS BRASIL 1998
















HOMENAGEM AOS 10 ANOS DE REINADO
Volta para o futuro
Concurso Miss Brasil tenta resgatar o glamour do passado e mostra novo perfil de candidatas
RITA MORAES
Elas juram que não leram só O pequeno príncipe, nem querem apenas aparecer em coluna social ou arranjar um bom casamento. Sem medo de eventuais críticas feministas, 27 belas jovens disputaram o Miss Brasil 98, concurso que causava frisson nas décadas de 50 e 60 e fez mitos como Martha Rocha e Vera Fischer, mas nos últimos 20 anos perdeu o brilho, deixando até de ser televisionado. Dentro dos tradicionais maiôs Catalina ou em trajes de gala, as candidatas se esforçaram para apresentar um perfil intelectualizado. Conscientes das conquistas feitas pela mulher, elas rechearam suas poucas falas com alusões aos problemas sociais, fugindo ao estereótipo de bibelô. "O Brasil precisa valorizar a educação", discursou Michella Marchi, 20 anos, Miss Mato Grosso do Sul, vencedora do concurso. Com 1,79m, 59 quilos, 89 cm de busto, 62 de cintura e 90 de quadril, a Miss Brasil 98 vislumbra os ganhos que o título pode lhe render. Estudante de Direito, Michella fala inglês, conhece a Europa e quer ser uma advogada bem-sucedida.
Todas as candidatas estavam sincronizadas com a proposta dos organizadores, que esperam resgatar a importância do concurso lançando o slogan "Beleza com propósito". Na verdade, eles seguem uma tendência estabelecida desde a década de 80 em outros países, como a Venezuela, onde este tipo de evento é um grande empreendimento e vincula-se a causas sociais. "O Miss Universo é assistido por 800 milhões de telespectadores. Custa ao país-sede cerca de US$ 4 milhões e é disputado por 90 países", diz Boanerges Gaeta Júnior, da empresa Singa Brasil, organizadora oficial do concurso. "Não dá para entender o desinteresse nacional." Na quarta-feira 1º, a casa de shows Tom Brasil em São Paulo ficou lotada, mas a maioria era artista, empresário e familiar convidado. Nos tempos áureos, a escolha da Miss Brasil levava 20 mil pessoas ao Maracanãzinho, no Rio.
Algumas coisas, porém, não mudam. Como a cara de surpresa e as lágrimas das vencedoras, o sorriso amarelo das não-finalistas, as sempre presentes mães-de-miss, o exagero de alguns estilistas e os faniquitos dos maquiadores. Minutos antes de saber que ficaria em segundo lugar, a Miss Rondônia, Adriana Reis, de mãos dadas com Michella, não segurou as lágrimas. A emoção tem sentido. As três primeiras representarão o Brasil nos maiores concursos internacionais e podem receber prêmios milionários. Michella, que já garantiu um Corsa 98, sete vestidos de noite, um celular, jóias e mais R$ 3.500, estará em breve em Honolulu, no Havaí, para o Miss Universo, cuja premiação chega a US$ 250 mil. Adriana concorrerá ao Miss Mundo nas Ilhas Seychelles e a terceira colocada, a loira Luizeani Altenhofen, Miss Rio Grande do Sul, irá para o Japão concorrer ao Miss Beleza Internacional. Martha Rocha, que fez parte do júri, viveu essa emoção há 44 anos e reconhece que, se as cenas se assemelham, os critérios de avaliação hoje vão além das duas polegadas a mais no quadril, que a fizeram perder o Miss Universo. "Neste tempo, o homem já foi à Lua e a Marte. As moças têm que estar atualizadas." Ela tem razão. As atuais candidatas podem se mirar no exemplo da venezuelana Irene Saez, Miss Universo 1981, que fez carreira política e é candidata favorita à Presidência da República

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