Esta semana, uma das maiores crises políticas vividas no Brasil, completa 47 anos. Em pouco mais de seis meses, o governo do presidente Jânio Quadros – eleito pelo voto popular com mais de 5 milhões de votos - se esfacelaria. Sua renúncia daria inicio a uma luta pela sucessão presidencial: o Movimento pela Legalidade.
Um pouco antes, uma crise de beleza, protagonizada em capítulos por Staël Abelha, Miss Brasil 1961, rendeu muitas manchetes em jornais e revistas. A mineira Staël foi uma das primeiras vitórias populares do Maracanazinho - a miss escolhida pelo povo, um público que superava 20 mil cabeças. Com seu sorriso franco, ela levou as arquibancadas ao delírio por seu caminhar que jogava as cadeiras de um lado para o outro – para não dizer rebolado! Estilo ressuscitado Ilanit Levi no Miss Universo 2001. Recebeu uma aclamação até então nunca vista num Miss Brasil.
Mas Staël Abelha, boa moça de Caratinga, estava enamorada e ficou entre o amor e o título. Quase não embarcou para Miami e uma noite de vigília se instalou no Hotel Serrador. Uma junta médica foi convocada e concluíram que Miss Brasil estava acometida de Amor. Para o bem geral na nação resolveu embarcar e seguiu para Miami um tanto desinteressada do Miss Universo – o corpo foi, o coração ficou!
Em Miami, o júri já havia escolhido treze das quinze semifinalistas. Faltavam duas vagas e os jurados em dúvida entre três candidatas: Brasil, Peru e Suécia. Stael Abelha marchou para a desclassificação depois de sete anos ininterruptos de Brasil nas finais.
Ao desembarcar de volta no Galeão, outra surpresa, o namorado de Stael ludibriou a imprensa e conseguiu fugir com a miss do aeroporto. À noite, Stael ressurgiu num programa de televisão e renunciou poucos dias antes de Jânio Quadros. “O Brasil sem Miss” foi manchete num periódico da época. Ao inverso da política, a faixa de Miss Brasil se trasladou pacificamente para Vera Brauner, que voltou de Long Beach como vice-Miss International.
FOTOS: Staël embarcando e desembarcado de Miami e a miss no MU
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