quinta-feira, 7 de agosto de 2008

MISS BRASIL 1968

















Essas fotos são da ex-misse Brasil e Universo Martha Vasconcellos. Escrevi sobre a baiana hoje no Caderno ELA mas sobrou muita apuração . Aí vão algumas frases da moça para vocês saborearem. E que, por conta dos anúncios da página, não puderam ser incluídas no texto:

1 - 1968 foi um ano que abriu as portas para mim. Apesar de pertencer a uma família tradicional, não tinha acesso a muitas coisas, nunca tinha viajado, não conhecia o Rio de Janeiro.

2 - Quando fui morar em Nova York e aconselharam que eu colocasse meu dinheiro na caderneta de poupança eu nem sabia o que era. Eu não compreendia coisas mínimas porque era superprotegida pela minha família.

3 _ Ano passado foram mortas 55 mulheres em Massachussets vítimas da violência doméstica.

4 _ Homem aqui morre de medo de mulher.

5 _ Para me entender, o John teve que se despir de toda a soberania dele porque o John é metidésimo.

6 _ Quando eu vim morar com o John eu falava torre e toalha do mesmo jeito (tower e towel). Ele vivia brincando com isso e perguntando antes de tomar banho: "Onde está minha towel?"

7 _ Minha mãe ainda está viva, o nome dela é Irene Vasconcellos, está com 83 anos. Ela era dona de casa mas gostava de dizer que era professora ou enfermeira, dependendo da ocasião. Mamãe detestava essa história de ser dona de casa.

8 _ Não acreditava que tivesse chances em Miami Beach, ser Miss Brasil já era realizar um sonho e estava muito bom.

9 _ Eu estudava na Escola Brasileira de Psicanálise, em Salvador, fazia cursos livres como hobby até que decidi levar isso a a sério. Fiquei dividida entre fazer um curso nos Estados Unidos ou em Paris. Como acho muito dificil viver na França porque os franceses são muito intolerantes com imigrantes, decidi vir para cá. Além disso, eu já tinha morado aqui um ano na época do Miss Universo.

10 _ Dos 9 anos de análise que fiz no Brasil, aqui eles só aceitaram 100 horas. Achei um absurdo até porque o meu analista, Carlos Pinto Correia, era da Escola de Viena. Assim eu teria que fazer sete anos de análise aqui novamente e isso seria impossível.

11 _ Decidi então fazer um curso de literatura e depois voltar para o Brasil. Foi então que um professor me apresentou a um amigo, também professor, para que eu pudesse ver se era isso mesmo que eu queria. Esse amigo era o Joãozinho, com quem eu me casei. Ele me telefonou e me convidou para jantar. Estava separado há três anos. Desde esse dia nunca mais nos separamos. Ele era professor de literatura da Boston University com especialização no século XVIII.

12 _ Só tenho filhos do primeiro casamento: o Leonardo, de 37 anos, que é engenheiro civil; a Leilane, de 35, que fez administração. Todos tem MBA. E tenho dois netos. Normalmente vou uma vez por ano ao Brasil porque aqui só temos férias de três semanas. A última vez que estive aí foi em setembro do ano passado, quando meu neto Guilherme nasceu. Devo ir novamente dia 1 de junho passar o aniversário com a minha família. Mas não quero festa.

13 _ O que eu escreveria na minha lápide? Agradeceria a todas as pessoas que entraram na minha vida para fazer o bem e me trouxeram alegria, simpatia, amizade, acolhimento. Mas também agradeceria as que entraram para fazer o mal porque essas pessoas me transformaram na pessoa que sou hoje, elas me ajudaram a crescer.



14 _ Acordo às 7 da manhã, vou para o trabalho, atendo 44 horas por semana apesar de, pela lei, só poder trabalhar 35. Mas trabalho porque quero, adoro o que faço. Também gosto de ler assuntos ligados ao meu trabalho. Mas lazer, lazer mesmo é música clássica. Adoro freqüentar concertos. Aqui eles vendem a série anual. Temos a Celebrity Series que são dois concertos por semana e eu vou a todos. Também assisto a série Händel, um concerto por semana.

15 _ Moro num quarto-e-sala só que extremamente bem localizado. Pago 1.250 dólares de aluguel mais 75 da garagem. Fica no segundo andar de um prédio antigo, sem elevador. E o Joãozinho tem um salário de professor. Nem tenho tempo para ver televisão. Quando eu chego em casa, sento um pouco para relaxar, converso com o Joãozinho e vou dormir. Aos sábados e domingos acordo por volta de meio-dia, arrumo a casa, lavo a roupa, dou um jeito no meu cabelo, faço as unhas (eu mesma faço pois não dá para pagar pé e mão, custa uma fortuna, 60 dólares). Toda hora eu entro em crise, agora mesmo entrei numa. Digo que vou pedir demissão, faço uma carta no meu trabalho, eles rasgam e jogam no lixo.

16 - "Conheço Martha Vasconcellos há muito tempo. Inicialmente nos aproximamos por conta da minha profissão. Daí as várias entrevistas acabaram por nos tornar amigos. E nesses quase 20 anos de amizade, cada vez admiro mais e mais essa linda baiana. O fato de ter sido eleita um dia a mulher mais bela do universo é um mero detalhe. A beleza maior de Martha vem do seu interior, da força do ser humano iluminado que ela é. Ela poderia muito bem continuar vivendo em Salvador, sendo uma socialite, sempre festejada e aparecendo nas colunas sociais. Mas ela preferiu buscar mais um sonho. Foi para os Estados Unidos estudar psicologia. Formou-se e hoje trabalha com a profissão em terras americanas, apesar da saudade dos dois netos, dos dois filhos e do restante da família. Mas o melhor de Martha, com certeza, é o seu humor. O seu bom humor, sempre com um sorriso largo que combina perfeitamente com a meiguice do olhar". (Depoimento do jornalista e arquiteto Roberto Macêdo, especialista em misses e amigo de Martha).

Nenhum comentário:

Seguidores