domingo, 8 de junho de 2008
MISS BRASIL 1930
Yolanda Pereira - a primeira Miss Universo Brasileira
Em agosto de 1930, o Rio de Janeiro foi sede do Concurso Internacional de Beleza. Por momentos, os boatos políticos e, o então recente assassinato de João Pessoa (Presidente da Paraíba), em 24 de julho, foram esquecidos. Nas ruas, nos bares, nos cafés, o assunto era um só: saber quem seria escolhida como a Miss Universo. Miss Portugal, era a aposta da colônia portuguesa. Entretanto, o mundo se curvou à beleza dos pampas. Yolanda Pereira foi a vencedora, se tornando a primeira Miss Universo brasileira. Yolanda recebeu a faixa das mãos de Felipe Cardoso, vice-presidente do Conselho Ministerial. Um cronista da época levado por ufanismo exagerado chegou a escrever: “Não foi apenas a vossa beleza que venceu e que vos faz universal como Einstein e tão cheia de glórias como Lindenberg. O que venceu convosco, Miss Universo, foi a graça radiosa da mulher brasileira”.
Yolanda Pereira nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, a 16 de outubro de 1910. Viveu toda sua infância e adolescência em sua cidade. Desde muito menina sua beleza já chamava a atenção de todos. Sua participação no concurso que escolheria a Miss Pelotas de 1930, foi uma conseqüência natural. Sua vitória não surpreendeu ninguém, pois era praticamente uma unanimidade. Tendo sido escolhida como Miss Pelotas foi à capital gaúcha para participar do concurso patrocinado e organizado pelo extinto jornal “Diário de Notícias”, que escolheria a Miss Rio Grande do Sul. Depois de uma disputa bastante acirrada com outras representantes que se destacavam pela beleza, Yolanda Pereira foi coroada como Miss Rio Grande.
Quando a jovem retornou de Porto Alegre para sua cidade uma multidão incalculável foi aguardá-la no porto levando flores de todo tipo. Foram dias e noites de festas. Yolanda compareceu à maioria delas sempre com seu jeito simples e conquistando a todos com seu sorriso encantador.
Vencidas as duas primeiras etapas, era necessário cumprir mais uma. E Yolanda seguiu para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, para participar do Miss Universo, embora não alimentasse o desejo de vitória. Havia outras candidatas muito bem cotadas e, além disso, alguns países tinham mais de uma candidata.
Embora ocorrendo em território brasileiro, o jornal “A Noite”, que instituíra o concurso, dava ao público notícia da sua imparcialidade absoluta. O Brasil participava com uma só candidata, escolhida conforme os critérios mais rigorosos. Do júri faziam parte somente dois brasileiros: o Conde Pereira Carneiro e o pintor Mario Navarro da Costa. O restante era constituído por mais nove membros. Estando os nossos jurados em desvantagem, o resultado do concurso ficava na dependência européia. Yolanda concorreu com vinte e cinco candidatas e no dia 8 de setembro, pela manhã, foi proclamada Miss Universo.
Quando a notícia chegou a sua cidade natal, uma explosão de alegria tomou conta de todos. A Rua 15, principal da cidade, tornou-se pequena para abrigar as bandas, foguetes e o povo dançando em homenagem à filha querida que se tornara a mulher mais bonita do mundo. Muitas entidades hastearam o Pavilhão Nacional: o Clube Diamantinos, o Esporte Clube Pelotas, a Capitania dos Portos, a Prefeitura, além do comércio, escolas e residências particulares.
Foi para o promotor do Concurso, o vespertino carioca “A Noite”, que Yolanda concedeu a sua primeira entrevista. E o preâmbulo da matéria dizia que: “A Miss Universo está enferma, ligeiramente enferma e, embora ontem o seu estado fosse de prostração quase aflitiva, hoje, pela manhã, a formosa brasileira podia receber o representante de “A Noite”, concedendo-nos a sua primeira entrevista depois da vitória suprema. A senhorinha Yolanda Pereira não ficou entontecida, nem desnorteada com o seu triunfo, mas foi, parece-nos, surpreendida por ele, recebendo-o como uma claridade forte que lhe batesse, de súbito, nos olhos e, assim, quando depois das perguntas naturais sobre a sua saúde, insinuamos a primeira interrogação”.
Após responder às diversas pergunta, disse: “Eu sou uma moça modesta, vivendo num ambiente de grande recato, com hábitos e sentimentos religiosos arraigados e prezando muito a minha condição de filha de Maria. Quanto ao mais, eu não me considerava feia, mas como não tinha pretensões a tipo de beleza, não pretendia nem queria figurar no concurso, mas a pressão da sociedade pelotense foi tal que eu cedi e fui para Porto Alegre apreensiva pela responsabilidade de cingir a faixa de Miss Pelotas em competição com tanta gaúcha bonita. Depois de eleita cumpri minha obrigação de representar o meu país”.
Yolanda Pereira faleceu aos 91 anos de idade, no dia 4 de setembro de 2001, no Rio de Janeiro.
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Um comentário:
Vale a pena ler a obra de Heloisa Assumpção Nascimento intitulada "Yolanda Pereira, Miss Universo: 1930 - 1980", que narra a epopéia vivida por Yolanda, a nossa primeira Miss Universo!
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